sexta-feira, 12 de novembro de 2010

JESUS, UM EXORCISTA JUDEU?

Escrito por Fernando Gondim
Ter, 14 de Outubro de 2008 17:58

[...]Para entendermos os textos bíblicos, faz-se necessário, pesquisar e investigar os contextos sociais, políticos, econômicos e ideológicos (aqui entram as idéias religiosas) da época do autor ou dos autores dos textos sagrados[...]



É inegável a influência das mitologias pagãs e das figuras de linguagem dos textos apócrifos e pseudepígrafos que adentraram na fé judaica a partir dos dois últimos séculos antes da era cristã e, em conseqüência, nos textos do nosso NT. Os redatores dos evangelhos reproduziram o contexto vivido em seus tempos e espaços. A crença em demônios e diabos era algo comum, como um caldo de cultura vivido por eles. Mas o que dizer, à luz da fé judaico-cristã, sobre os seguintes tópicos: Jesus foi um exorcista? E as curas, e as “expulsões” de espíritos impuros a que se referem os textos dos evangelhos?



Para transmitir a revelação da vitória de Cristo sobre todos os poderes do mal, o NT utiliza, entre outros, as figuras de satanás, do Diabo e dos demônios ou espíritos maus ou impuros que, na época de Cristo, faziam parte do horizonte cultural comum a todos os povos. O objeto da fé cristã é a vitória do Salvador sobre o mal em todas as suas manifestações. [1]



Para entendermos os textos bíblicos, faz-se necessário, pesquisar e investigar os contextos sociais, políticos, econômicos e ideológicos (aqui entram as idéias religiosas) da época do autor ou dos autores dos textos sagrados; conhecermos os gêneros literários então em voga, as maneiras de pensar e de transmitir o que os autores dos mesmos querem dizer, transmitir e dar a entender. [2] Para isto não podemos nos prender a uma leitura fundamentalista, pois esta nem é bíblica e nem é eclesial. [3]



Se dissermos que Jesus acreditava na existência de diabos, demônios e de satanás, como um ser, como um ente ontológico, estaremos chamando-o de idólatra, pois para a fé judaica (e Jesus era judeu), afirmar a existência de um ser ontológico fora ou ao lado de Javé é idolatria. Ele foi fiel a seu Deus em tudo. Jesus não foi um exorcista no sentido de alguém que expulsa o diabo do corpo de outrem, como popularmente se conhece o termo, ontem como hoje. Definitivamente, não. Naquele tempo, em continuidade com o pensamento sincrético judaico do pós-exílio, era típico dos homens transformarem em exorcistas aqueles que sabiam combater as doenças da época, ou os que tinham um carinho especial pelos doentes de todo tipo, os que deles se aproximassem para curá-los etc; para a racionalidade judaica pós-exílica, os que assim procedessem eram considerados bruxos, curandeiros, pois estes tratavam dos doentes e traziam a cura. Por isto eram vistos com reserva. [4] Os judeus herdaram estas concepções de doenças como causadas pelos demônios, das mitologias mesopotâmicas, persa, grega e, na época da Igreja iniciante, dos romanos.



As enfermidades sejam quais forem e, para a época neotestamentária, eram como algo demoníaco, provocadas por demônios e tornou-se uma crença tão forte, que em Roma havia um templo erguido em honra ao demônio da febre, que é de origem mesopotâmica. [5] Jesus curava os doentes de seu tempo e nos textos em grego do NT, o verbo usado é qerapeusen (terapeusen, curar) e não o verbo ekkzorzizo (ekxorciso, expulsar).



Jesus, em conformidade com a originalidade da fé judaica, não acreditava no poder dos demônios, mas só no poder de Deus e em Mt 15, 18-19 e em Mc 7,20-23, Jesus é enfático em afirmar que é o homem que causa o seu próprio mal e não algo que vem de fora do homem. Em Tiago 1,12-15 o autor critica os que atribuem a Deus o mal que os aflige e diz que é do “interior” do homem, que vem a decisão de praticar o mal. Nisto o autor segue o pensamento de Jesus que, por sua vez, segue o pensamento sacerdotal do autor de Gn 1,3 onde se diz que Deus fez a luz e a separou das trevas. Para o redator Deus fez apenas a luz separando-a das trevas, pois estas não são obras de Deus, mas dos homens. No texto de Gn 6, 5 - 12, antropomorficamente, o autor diz que Javé viu a maldade dos homens sobre a terra (v 5), arrependeu-se de tê-lo criado (v 6) e, em conseqüência, a terra estava corrompida e cheia de violência por causa da maldade dos homens (v 11 e 12). Segundo Jó 5, 6-7, é o homem que cria seu próprio mal. Então para os redatores bíblicos o mal não vem de Deus e nem de um poder ontológico ao lado daquele, mas é uma decisão do ser humano e que, metaforicamente, os autores bíblicos dizem que é do coração do homem que sai o mal, pois acreditava-se que tudo na vida se decidia pelo coração. Em Eclo 21, 27 se diz que “Quando o ímpio amaldiçoa a Satanás, amaldiçoa a si próprio” [6]



[1] GOPEGUI, Juan A.Ruiz,sj. As Figuras Bíblicas do Diabo e dos Demônios em Face da Cultura Moderna, IN: Perspectiva Teológica, ano XXIX, set-out de 1997, p. 327-352.



[2] Ver: doc. Do Vat. II “Dei Verbum”, (Palavra de Deus), nº 12.

[3] Doc da Pontifícia Comissão Bíblica, “A Interpretação da Bíblia na Igreja”, 1a parte, “F”, p. 82-86.

[4] A palavra grega farmakoV, isto é, bruxo, feiticeiro, e que em português foi traduzido por, farmacêutico. No texto do evangelho atribuído a Marcos em 1, 1- 45, o primeiro a ser escrito, lá pelos anos 80 da EC, o autor diz que ao curar um leproso, alguém que ficava isolado de todos e fora da cidade, Jesus não pode entrar na dita cuja, ficando fora dela. Ele não era aceito por ficar ao lado dos doentes, dos pobres, e era solidário com estes. Quem tratasse alguém doente, ficasse a seu lado não era bem visto pela população e especialmente pelos dirigentes políticos e religiosos da época.

[5] QUEVEDO, Oscar G. Antes que os Demônios Voltem, São Paulo, Loyola, 1989.

[6] Na Bíblia do Peregrino (BP), Alonso Schökel diz que “O ímpio ou o perverso não deve lançar maldição em Satanás, como Eva no paraíso, porque ele é Satanás para si mesmo, porque trás dentro de si a malícia de Satã. BP nota ao texto de Rm 7, 14-23, São Paulo, Paulus, 2002,p. 1619.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Babilônia

Babilônia – a terra dos que balbuciam.

Abel

Abel significa nada em hebraico, a pessoa, o outro o irmão passar a ser um nada.

Em Gn 6,2 Relata o encontro mítico dos filhos de Deus os anjos , e estes têm relações sexuais com filhas dos homens nascendo os gigantes , nos dando as dimensões universais do pecado.

Serpente

Paralelo com deuses da fertilidade cananeus.

Dilúvio:

Fim da era glacial? É uma tese. Várias culturas relatam algo próximo disto.